Bob Wilson "Queimem as escolas de Teatro"

"Queimem as escolas de teatro que só ensinam a decorar textos!", grita a plenos pulmões o dramaturgo e ençenador, o artista afirma que o teatro feito hoje em dia é simplesmente "um texto decorado" e ressalta a importância do trabalho corporal do actor. "Não precisamos decorar o que vemos e ouvimos. Ambos são igualmente importantes".
Para ele, o artista só é completamente "livre" no palco, quando seus movimentos se tornam mecânicos. "Quanto mais se repete o trabalho, mais livre se é. Como andar de bicicleta. Quando se aprende, faz-se sem pensar"
A seu ver, é mais "honesto" o actor se movimentar de forma artificial no palco do que procurar agir "naturalmente". "O teatro que vejo é baseado em uma mentira", declara.
"Se sabe o que está fazer, não faça. É necessário questionar o que se está a fazer", diz o dramaturgo sobre o trabalho do actor. Para ele, a maioria dos artistas se assemelha a professores de escola, que impõem uma idéia que deve ser aceite pelos alunos. "Eles fazem com que se pense exactamente o que eles estão pensando."
Wilson destaca a importância da linguagem corporal no teatro e na televisão. No início da sua carreira no teatro, quando ençenou peças mudas e, mais tarde, inseriu nos trabalhos textos sem sentido, os quais define como "construções matemáticas com palavras sem conteúdo".
Esse método matemático ainda permeia o seu processo criativo. Wilson que começa seu trabalho com o actor dizendo para ele fazer um movimento qualquer, a sua escolha. Após o actor executar o gesto, o dramaturgo anota e depois pede para ele fazer um movimento diferente, e assim por diante. Admirador de Andy Warhol responde "É difícil me comparar a Andy, embora tenhamos várias coisas em comum. O estilo dele era completo. Sua forma de fotografar, de pintar, de se vestir, era tudo completo", "A diferença é que ele era mais naturalista, coisa que meu trabalho não é"

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