“Uma fonte de trepidação, de fascínio, de curiosidade infinita”, escreveu o encenador Giorgio Strehler a propósito da interpretação de
Ferruccio Soleri em
Arlequim, Servidor de Dois Amos de Carlo Goldoni. Um espectáculo histórico produzido pelo Piccolo Teatro di Milano, que haveria de consagrar o actor italiano no papel de embaixador itinerante e oficioso da memória da
commedia dell’arte, uma forma de teatro popular improvisado que se impôs em Itália a partir da segunda metade do séc. XVI. Espécie de conferência encenada,
Ritratti di commedia dell’arte é simultaneamente um acto de revisitação pedagógica e um gesto de celebração cénica desta riquíssima tradição. Partindo de textos anónimos, a que juntou outros que ele próprio escreveu em parceria com o dramaturgo
Luigi Lunari, Ferruccio Soleri conta a história dos seus predecessores, recriando em palco a galeria de personagens características da
commedia dell’arte, como o Pantaleão, Zanni, Brighella, o Doutor, o Capitão e o inevitável Arlequim. Em
Ritratti, Soleri liberta estas figuras da escravidão do tempo que passa, recuperando, nas palavras de Domenico de Martino, “a expressividade poética da grande alma teatral que vive por detrás da máscara”.
Teatro Nacional S.João | Porto | 13 julho 2011