25 de abril - foi bonita a festa pá.

Liberdade

Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento
cala a desgraçado vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e
os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas ai rios do meu país minha
pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas pede notícias e diz ao trevo de
quatro folhas que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria prega danos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar como
quem ama a viagem mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas) vi minha
pátria florir (verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novos e notícias vou pedindo nas
mãos vazias do povo vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre
alguém que resiste há sempre alguém que diz não.


Manuel Alegre

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